sexta-feira, 24 de julho de 2009

Sapatos na entrada e reciclagem


Qualquer mudança envolve muita paciência, humildade e visão para se adaptar em algo novo. No meu caso foi algo novo e muito diferente. Logo no início como eu já havia citado, o hábito de tirar os sapatos na entrada da casa é fato e se você infringir é sinal de desrespeito e pior, falta de higiene! Mas por quê? Porque os japoneses comem no chão e dormem no chão, não no chão frio como você deve estar imaginando, mais precisamente em cima de um futon (uma espécie de colchão com um edredon extra grosso em cima) e este em cima de um tatame.

No começo tudo é muito confuso, mas depois você acaba se habituando de tal forma que parece que você sempre viveu daquele jeito, tanto que quando cheguei no Brasil estranhei muito ter que entrar com aqueles sapatos de rua dentro de casa. E tem outra :dentro dos banheiros você deve trocar as suas suripas (aqueles chinelinhos de quarto) pelas suripas que já estão lá, tudo para você não levar as sujeiras dos seus lindos pezinhos para dentro do banheiro.

Outra questão difícil de aprender é jogar lixo. Existem vários tipos de sacos para o tipo de lixo que você irá jogar. Por exemplo: O incinerável ou queimável é recolhido 2 vezes por semana e na minha cidade era o saquinho branco. Latas e pets, saco transparente; latas de conservas já era o saco amarelo; caco de vidro, lâmpadas, pilhas, saco vermelho; lixos de grande porte: você deve comprar um adesivo para jogar fora.
Obs: Cada cidade tem o seu saco de lixo, não é que nem aqui no Brasil que você joga o lixo em qualquer saco e ainda todo misturado.

Na maioria das vezes é muito caro jogar eletrônicos, exemplo: Uma tellevisão você paga cerca de 3000 ienes, cerca de 60 reais. Se você jogar sem nome, ou mesmo abandonar em algum lugar, se descobrirem é cana na certa!

Outra pior é jogar lixo errado, se você jogar uma vez eles avisam para que você não cometa o erro. Mas se continuar a multa é bem salgada, cerca de 1 milhão de ienes.

Lá a reciclagem é assunto sério e o bom é que todos respeitam e isso tudo faz bem para o nosso planeta.

Falando em planeta, é bacana também o quanto eles incentivam as pessoas a usarem sacolas de tecido ao invés de sacolas plásticas, eu mesmo tenho várias que trouxe de lá e que estou ¨tentando¨adaptar ao meu cotidiano, agente sempre esquece, mas uma hora acaba entando no nosso dia-dia.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Voltei para o Brasil por medo de me acostumar


Nossa!Acabei de ler um texto que tem tudo haver com a minha vontade de ter retornado ao Brasil. Muito bacana, é de autoria da escritora Marina Colasanti.


EU SEI, MAS NÃO DEVIA. (por Marina Colasanti)


A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos
e a não ter outra vista que não as janelas ao redor.
E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.
E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de
todas as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma
a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece
o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado
porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado.
A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem.
A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho
porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado.
A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra.
E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números
para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar
nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz,
aceita ler todo dia da guerra,dos números, da longa duração.


A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone:
hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso
de volta.A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita.
E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar.
E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar.
E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais.
E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com
que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas
e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais.
A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido,
desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar
condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor.
Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potáve.
À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma
a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a
hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer.
Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui,
um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio,
a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia
está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo.
Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana.
E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo
e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar
a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos,
para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito.

A gente se acostuma para poupar a vida.Que aos poucos se gasta,
e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Muito trabalho, pouco tempo para diversão


O Japão é realmente um país simplesmente incrível. Tudo é bonito, limpo, organizado e de fácil acesso, mesmo para quem não fala nada de japonês. Até os depatos, ou shopping para o linguajar brasileiro, são uma ótima dica de passeio porque tudo encanta!

Desde que eu e meu marido saimos do Brasil tínhamos uma certeza: queríamos trabalhar muito, mas também tentar conhecer a cultura e os lugares mais bacanas do Japão.Acho que conseguimos mais trabalhar do que conhecer e olha que fomos em muitos lugares: Tokyo, Nagoya, Osaka, Hiroshima, Dunas de Totori...Mas ainda ficamos tristes de não termos ido para Kyoto, que segundo meu saudoso pai é a cidade japonesa que mais conservou a cultura e os costumes japoneses. Segundo quem já foi, a cidade é a cara do Japão moderno: modernidade x antiguidade. É muito interessante isso, porque ao lado de templos milenares vemos lojas ultramodernas, coisa bem Japão mesmo.

Tenho saudades das nossas viagens com um tanto de casal bacana, agente consersava muito, dava risada, falava das comidas que tínhamos saudades daqui do Brasil e divertíamos muito! Nós saíamos sempre depois de uma longa semana de trabalho, saímos por exemplo 3h da manhã para poder chegar cedo ao destino. Os homens revesavam a direção porque sempre eram longas distancias de até 700 km, mas tudo valia a pena quando se chegava ao destino.

Chegávamos no primeiro dia de trabalho pós feriado ¨só o pó da rabiola¨como diziam os companheiros de fábrica, muito cansados, mas com a cabeça hiper descansada!

As turmas de viagem sempre mudava, essa foto aí é de uma das turmas (tenho muita saudade de todos)!

terça-feira, 21 de julho de 2009

Boas e más lembranças
















Nestes dois anos, trabalhei muito; onze horas por dia, às vezes 6 vezes por semana, sem tempo para nada! No meio do trabalho, que era em pé, operando máquinas de embalagem, pensava muito na vida, filosofava muito!Rs. Me perguntava o porquê estava ali, mas a resposta sempre vinha com um puxão de orelha: Hana, foi você quem escolheu isto!


Pensava muito que estava deixando para trás aqui no Brasil uma carreira promissora como publicitária, depois pensava no dinheiro que nunca havia ganho na vida ali no Japão. Hoje penso que a carreira não é tão promissora assim, que você precisa ser muito melhor que 1000 para trabalhar em uma grande agência ou mesmo abrir uma. Agora que estou aqui no Brasil não me arrependo de ter deixado a carreira para trás, mesmo que agora seja difícil retomá-la.


Fiz muitas amizades, mas também tive muitos desafetos. Aquele ambiente de trabalho fazia com as pessoas se amassem muito intensamente ou se odiassem mais ainda. Hoje vejo que tudo passou, não guardo mágoas de ninguém, acho que cresci muito naquele ambiente tão confuso.

Fora da fábrica, fizemos amizade com os vizinhos de apartamento: Lu, Willian e depois o Carlinhos. Divertíamos à beça fazendo churrascos embalados pela cerveja preferida do Minao, Sapporo, e dando muitas risadas. Momentos anti-stress no nosso único dia de folga da semana.

Até hoje mantenho contato com muitas pessoas de lá, mas as pessoas mais especiais para mim e meu marido são sem dúvida a Cláudia e o Jorge. O que mais me emocionou há pouco tempo atrás é que eles cuidam com o maior carinho a plantinha de estimação que deixamos com eles que nos enviaram esta foto.


Olha a foto dela!

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